segunda-feira, 27 de julho de 2009

A Semana em Filmes (19 a 25 de Julho)

A Noviça Rebelde (The Sound Of Music)

Dir. Robert Wise


Clássico imprescindível da era dos musicais, ganhador de cinco Oscar, Noviça Rebelde é uma produção atemporal. Sua história leve sobre uma freira rebelde sem vocação para as rezas, convencida por sua madre para ser babá de uma família com sete filhos está em ótimo contraste com sua ambientação na hostilidade da guerra mundial.
As canções, além de excelente peças musicais, bem inseridas na produção, possuem o ótimo vocal de Jullie Andrews e uma coreografia que impressiona. Em grandes cenários expande-se com diversas minúcias e, em cenas mais intimidas, concentra-se na canção e no balé de seus atores.
Felizmente a versão brasileira das legendas não se preocupou em adaptar as canções, mantendo ou criando rimas. As traduções são literais, de acordo com a letra americana, deixando a sensação fiel a original. Particularmente sou contra adaptações com rima que fogem da canção inicial.
A edição nacional do dvd, que hoje já se encontra em duas versões, traz o filme na integra, incluindo sua abertura e intervalo musical, exibido nos cinemas, com boa qualidade de som e imagem.




Inimigos Públicos (Public Enemies)

Dir. Michael Mann


Michael Mann possui um talento incomensurável. Sua dedicação ao realizar uma nova produção cinematográfica é extensa e cuidadosa, debruçada em mínimos detalhes. De sua boa filmografia, elejo Colateral como sua melhor produção. Ainda mais revista no dvd com comentários do diretor, onde o mesmo explica todas as minúcias do seu processo de criação e direção.
Seu imenso talento é proporcional a dificuldade de analisar sua obras, intensas e compostas de diversas camadas. Assim, confesso ainda não compreender por completo a qualidade de Inimigos Públicos, filme esperado pelo talento do diretor e por ter Johnny Depp e Chistian Bale nos papéis principais.
A trama foca-se na decadente e sedutora década de 30 na América pós depressão. Tempo em que a maioria das produções exalam glamour ao contar histórias de bandidos subversivos que se tornam uma espécie de herói em meio a uma sociedade que tenta renascer.
O sedutor ladrão de bancos John Dilinger não fugiria dessa exceção. Homem bonito, educado, exímio assaltante, é polido ao ponto de nunca roubar dos eventuais refém de seus assaltos. A sensação de impunidade é tamanha que o ladrão vive entre o povo, janta em restaurantes caros e vai ao cinema com suas mulheres.
Em seu contraponto está Melvin Purvis, novo e talentoso agente do Bureau administrado por J. Edgar Hoover. Indicado pelo mesmo para atuar em Chicago e expurgar o crime da cidade, no estilo western: com audácia e uma arma na mão, pronta para disparar.
A produção foi filmada no formado digital, resultando em uma interessante fotografia próxima da realidade. Luzes ambientes dão a escuridão e o brilho necessário a cada cena, como se observássemos cenas documentais.
Depp e Bale estão confortáveis em seus papéis, algo comum em suas carreiras, onde performances acima da média sempre são padrão. Porém, um leve desconforto ao final do filme foi inevitável.
Os detalhes da produção, como ocorreu com o filme de máfia Estrada Para a Perdição, deixaram a história plástica demais, sem a emoção pungente que Mann, normalmente, transpassa para o público.
Ainda com muito requinte, Inimigos Públicos também foi vitima desse tempo rico e podre que os Estados Unidos viveu. Tempo tão perigoso que chega até mesmo a destruir grandes filmes.
Porém, deixo uma ressalva. Ainda pretendo rever o filme para tentar compreende-lo melhor.

domingo, 26 de julho de 2009

Quando Nietzsche Chorou, Irvin D. Yalom

"Doutor Breuer, Preciso vê-lo para um assunto da maior urgência. O futuro da filosofia alemã está em jogo. Encontre-me amanhã cedo às nove horas no Café Sorrento. Lou Salomé Um bilhete impertinente! Havia anos ninguém o abordava com tanta sem cerimônia. Ele não conhecia nenhuma Lou Salomé. Nenhum remetente no envelope. Nenhuma forma de informar a essa pessoa que nove horas era inconveniente [...] "

Autor:
Irvin D. Yalom
Editora: Ediouro
373 pag.





Conheci o psicólogo escritor Irvin D. Yalom pelo caminho inverso de seu sucesso. Primeiro, realizando a leitura de um livro centrado na terapia, Os Desafios da Terapia, onde Irvin demonstra seu domínio na área e sua escrita funciona tanto para peritos no assunto como para leigos.

Mas foi com seu lado escritor que o sucesso foi imediato, no romance Quando Nietzsche Chorou. Um encontro entre três mentes brilhantes de seu tempo – encontro que nunca ocorreu de fato – no período em que a psicologia e a psicanálise estavam nascendo.

O enredo centra-se em Josef Breuer, um experiente médico de Viena, considerado ao lado de Freud como um dos país da psicanálise, que recebe a visita de uma desconhecida com um pedido nada convencional. Que o médico trate um filósofo ainda não conhecido, mas que será caminho para a filosofia do futuro, sem que o mesmo tenha conhecimento do tratamento, pois o tal filósofo nunca aceitaria ser tratado. Assim, o médico concorda, através da análise das dores clínicas do filósofo Nietzsche, buscar compreensão para seus problemas emocionais.

É com essa premissa iluminada que Yalom não só realiza um interessante romance a respeito das origens da psicanálise, como também incita o leitor a realizar as reflexões incessantes que Breuer, Nietzsche e, em algumas passagens, Freud, exercem durante o romance. O resultado de tal leitura é uma vasta explosão mental reflexiva.

O autor prova que tem fôlego para, além de escrever bom material sobre seu trabalho, desenvolver ficções a respeito. Ainda que o romance tenha ganhado áurea de best seller – podendo cair no conceito comum de que tudo que é best seller é, por definição, desprovido de qualidade verdadeira – o lançamento do livro é antigo. Desde 1992 edições da obra são lançada no país, mas, não sei porque, somente dez anos depois se tornou um sucesso. O que pode ser considerado até espantoso para um livro reflexivo como este.

Além dele, uma adaptação bem pobre foi realizada para cinema ou televisão, com Armand Assante no papel do filósofo incomodado. Mas nem chegam aos pés da narrativa.

Porém, o puxão de orelha vai para a tradução da Ediouro, que muitas vezes puxou mais o inglês de Yalom para palavras não usuais, comumente usadas em paises latinos, do que as do vocabulário que conhecemos. É necessário lembrar que tradução não é escrever difícil, e sim passar para outra língua, da melhor maneira possível, o material original.

De volta a obra, não estranhe se, após a leitura, a vontade de compreender melhor os textos do filósofo ou as obras de Freud fique aguçada.


sexta-feira, 24 de julho de 2009

Dona Flor e Seus Dois Maridos

Elenco: Carol Castro, Marcelo Faria, Duda Ribeiro Ana Paula Bouzas, Marcello Gonçalves, Elvira Helena, Carlos André Faria, Carolina Freitas, Nelito Reis, Daniely Stenzel, Lisieux Maia, Luana Xavier, Marco Bravo, Ewe Pamplona, Michelle Martins, Fabio Nascimento.

Texto: Jorge Amado

Adaptação: Pedro Vasconcelos e Marcelo Faria

Direção: Pedro Vasconcelos



É com extrema felicidade que posso contar que, certa vez, conversei com o magnífico ator Paulo Autran e pude entrevista-lo para uma revista que publicava na faculdade. Embora a frase a seguir fosse cortada da edição final da entrevista, era algo sempre pronunciado pelo ator: “Digo sempre que atores são do teatro, cinema é dos diretores e a televisão é a arte do anunciante”.
A frase do mestre Autran voltou a minha memória quando, sentado na primeira fila do Teatro Municipal de Araraquara, vi uma das personagens icônicas da literatura brasileira, Vadinho, caminhar até a beira do palco, sentando-se nas escadarias do mesmo – quebrando, assim, a famosa quarta parede teatral – e declamar seu amor por Dona Flor.
Quando se observa um ator em plena ação no palco é que nota-se seu domínio. A intencidade cênica do ator em contraste com o texto escrito. Pontos vitais que fazem atores, como o público, saudarem a arte única do teatro.
Dona Flor e Seus Dois Maridos, peça homônima da obra de Jorge Amado – o baiano que o cânone brasileiro insiste em deixar de lado – estreou em 15 de fevereiro de 2008, no Teatro das Artes, no Shopping da Gávea. A apresentação do dia 2 de junho de 2009, marcava-se como uma das últimas em que Carol Castro interpretava a personagem principal da história, substituída agora por Fernanda Paes Leme.
Nesse curto espaço de um ano, a peça não só esgotou nas casas por onde passou, fez turnê por cidades do interior e foi elogiada pela crítica. Ganhando, com mérito, 3 prêmios Qualidade Brasil (Melhor Espetáculo, Melhor diretor, Melhor Ator de Comédia – Marcelo Faria) e recebendo duas indicações ao prêmio Shell de Teatro. (Melhor Diretor e Melhor Ator – Marcelo Faria).
A produção merece destaque e aplausos do começo ao fim. Com cenários ricos, remetendo-se ao Pelourinho, não faltam cores e adereços detalhados. As canções são de Caymmi, dando um apetite a mais para a obra. Também a imersão do público durante diversas cenas, em que personagens saem do palco, mantém a peça dinâmica e fazem-na fluir muito bem.
A sintonia do elenco central é perfeita. Carol Castro – que me perdoem, é belíssima ao vivo – se desenvolve bem como Dona Flor, a personagem mais complexa do triangulo amoroso. Mostra-se confortável nas cenas dramáticas e carisma nas cenas apimentadas com Vadinho. Como tudo muda com a entrada de outra atriz, fica minha curiosidade em saber se Fernanda Paes Leme manterá a qualidade de Castro.
Duda Ribeiro, que surge apenas no meio do espetáculo, é excepcional em cena, como o marido repleto de escrúpulos e educação de Dona Flor. Tem um timing cômico muito eficiente e contrapõe-se a altura a desenvoltura desejada pela personagem de Vadinho que, de longe, é o grande destaque.
Até mesmo na obra original é significativo a intensidade e o carisma da personagem malandra de Vadinho. Despir-se literalmente para encarar um personagem e, ainda assim, manter-se bem no papel, não deve ser tarefa fácil. Marcelo Faria está incrível como o assanhado primeiro marido de Flor. Debochado e satírico na medida certa, é um dos grandes papéis do ator, provando sua maturidade – afinal, muitos lembram-se do ator apenas como o Ralado da novela Quatro Por Quatro da Rede Globo.
Embora sem a leitura do livro, após a peça procurei-o na estante e constatei que a peça é bem fiel. Muitas vezes mantendo-se original até mesmo nos diálogos arretados de Jorge Amado.
Sua obra, inclusive, precisa ser revisitada. O relançamento pela Cia Das Letras, em belas edições, é uma excelente pedida. Ainda hoje Amado, por possuir obras que oscilam entre o riso e a sacanagem, não é tido como um grande escritor como um todo.
Evidente que é pura bobagem e preconceito de um grupo de críticos que não enxergam na comédia apimentada do baiano uma história profunda e irônica sobre os homens. Basta aprofundar os olhos sobre a peça.
A figura de Vadinho, retrato fiel do povo brasileiro malandro que encontra sua maneira de realizar as maiores façanhas, até mesmo desafiar a morte por um par de pernas. E o que dizer da duplicidade de Flor com seus dois maridos? Há o que refletir em uma personagem que se contenta com o duplo, ainda que Flor busque em Vadinho apenas seu fogo. Estaríamos, também, descontentes a procura de algo a mais? O nobre e o sátiro, água e fogo, a malandragem e a polidez. A espera de nossos Vadinhos e de nossas Flores.



quinta-feira, 23 de julho de 2009

House. M.D. Promo da Sexta e mais

Com o intuito de, cada vez mais, trazer informações a respeito da série House M.D., duas notícias quentinhas em dobradinha. A Fox divulgou o primeiro promo da sexta temporada, com link abaixo. Ao que parece, a temporada começa quente. A partir dessa temporada o blog irá cobrir os episódios um a um, avaliando os altos e baixos da temporada.


House M.D. - Promo Sexta Temporada




Quinta Temporada Em Pré Venda Na Amazon

Por fim, a quinta temporada já encontra-se em pré venda na Amazon, com lançamento previsto para o mês que vem, 25 de Agosto. É provavel que em outubro ou meados, a Universal lance por aqui o mesmo box. A capa - vista ao lado - provavelmente será a mesma. Nota-se, pela capa, que, novamente, não se deu nenhuma importância aos novos atores da série, mantendo os clássicos, ainda que aparecendo pouco, em destaque. Sinal de que nessa temporada alguns trilhos voltam ao normal?

quarta-feira, 22 de julho de 2009

E.R. - Plantão Médico, Décima Temporada

ATENÇÃO: PARA MELHOR ANÁLISE DA TEMPORADA, ALGUMAS PARTES DO ENREDO SERÃO CONTADAS DURANTE O TEXTO (OS CONHECIDOS SPOILERS). PORTANTO PARA SUA SEGURANÇA, SE NÃO QUISER SABER NADA A RESPEITO, PARE DE LER O TEXTO AGORA. MAS RETORNE APÓS TER ASSISTIDO A TEMPORADA, POR FAVOR.

Pulsos e sinais vitais ficando estáveis novamente.


Depois de uma nona temporada conturbada, tentando manter um equilíbrio impossível após as escolhas narrativas realizadas, a décima temporada de E.R. – Plantão Médico, se não traz por completo o bom ambiente das temporadas anteriores, consegue fluir melhor que sua anterior, sem a sensação de caminhar sem ir a lugar algum.
A perda de alguns personagens em temporadas anteriores deixou um vácuo, não só para a impressão dos telespectadores como na narrativa agitada do pronto socorro. Por conta disso, novas personagens regulares foram inseridas na série para balançá-la.
Quase saindo do time das enfermeiras, finalmente continuando seus estudos em medicina, Abby Lockhart ganha a companhia, enquanto enfermeira, de Samantha Taggart. Boa personagem que não só mantém as enfermeiras ativas – levemente apagadas desde a saída de Carol – como ajudará a reestabelecer o personagem do Dr. Luka Kovacs na série.
Por conta dos desarranjos da temporada anterior, a personalidade de Luka foi muito prejudicada. Seu caráter passava longe daquele homem seguro que conhecemos para ser, de início, um médico substituto do pronto socorro. A personagem perdida e deslocada da nona, volta aos trilhos mais seguro e enriquece o papel da nova enfermeira Samantha.
A presença da estudante Nella Rasgotra também é um novo alívio. Retomando a sensação dos principiantes que, embora conhecedores da teoria, pouco sabem da prática. Nella, além de uma intensa personagem por ser de origem indiana e carregar todo um preconceito americano contra seu povo, compõe-se bem ao lado de Abby que é uma excelente enfermeira, boa aprendiz de médica cuja dedicação com os estudos está aquém da possível para conseguir seu esperado diploma.
Como era de se esperar, John Carter assume naturalmente o lugar de líder deixado pelo incrível Mark Green. A evolução de sua personagem, desde a primeira temporada é espantosa. Um simples estudante de medicina ao médico mais confiável, carismático e hábil do pronto socorro.
Se há um problema feio que poderia ser contornado de outra maneira é a morte do Dr. Robert “The Rocket” Romano. A personagem de Romano sempre foi o contraponto odioso de todos os médicos, a perda de seu braço em temporadas passadas pareciam dar um rumo mais denso a sua história. O cirurgião brilhante agora incapaz de realizar o que ama. Há um grande potencial dramático que poderia ser explorado. Porém, de modo falho na nona, e desastroso na décima quando a solução encontrada para o fim de Romano, sua decadência final, foi encontrar a morte. Em uma cena repetida, já ocorrida na série, que não traz simpatia alguma ao público. Só aquela sensação incomoda de que, rapidamente, inventaram uma cena para sumir com o bom personagem.
A série continua a ousar. Sem prender-se em esquemas, continua, temporada a temporada, tentando evoluir, sair da sombra de grandes personagens e buscando novos momentos para os que ficaram e introduzindo novos carismas.
Sei, por antecipação, que a décima primeira temporada - lançada semanas atrás pela Warner e que já encontra-se em minhas mãos - que, mais uma vez, um gancho importante e definitivo será dado no final da próxima temporada. Se a série aprender com seus erros, esse final será melhor que os últimos que não foram tão especiais assim, para personagens tão queridas pelo público.


segunda-feira, 20 de julho de 2009

A Semana em Filmes (12 a 18 de Julho)



Segunda coluna a estreiar no blog, Panorama tem como objetivo analisar, em seqüência ou uma série de filmes ou alguns filmes de um ator ou diretor específico. Realizando assim uma visão ampla sobre a obra em questão.
Devido ao lançamento do sexto filme da série Harry Potter, a saga do bruxo foi escolhida para abrir essa coluna. Assisti em seqüência todos os outros filmes para nos cinemas ver a melhor produção até agora. Evidente que rever os filmes após um distanciamento revelou-me bastante surpreendente.
A primeira produção, Harry Potter e a Pedra Filosofal foi lançada em 2001. Data em que a explosão dos downloads piratas ainda não existia. As únicas informações que se conhecia da produção foram aquelas divulgadas no pequeno mas incrível trailer que dava vida as personagens que líamos nos livros de J.K. Rowling. Uma copia do filme teria vazado pela internet, mas a difusão de tal cópia não era como hoje. Portanto, se ocorreu, foi em um circuito bem pequeno do que na época atual onde, provavelmente, o sexto filme já se encontra na rede.
Fui na estréia do primeiro filme, que, ao menos na cidade onde fui, não teve pré estréia na madrugada. Fiz fila na porta do cinema, sai na capa do jornal – ao lado de um amigo – no amontoado de pessoas fãs do bruxo e até tive uma frase citada na reportagem em questão.Foi um grande alvoroço que ainda é grande como comprova-se as bilheterias do filme atual, que já quebrou o recorde de Batman - O Cavaleiro das Trevas. Com razão, pois a sexta produção é a melhor até agora.
As resenhas contam apenas com uma análise, levando em conta que um sucesso como do filme foi visto pela maioria das pessoas e, se não visto, ao menos a história básica é conhecida.
Ressalto também que fiz a leitura de todos os livros, mas como nunca os reli, não tenho lembrança de todos os detalhes da série. Assim, de uma forma positiva, posso analisar de maneira melhor se os filmes desempenham bem seu papel.


Harry Potter e a Pedra Filosofal (Harry Potter and the Sorcerer Stone)

Dir. Chris Columbus


Primeiro momento do bruxo nas telas ao redor do mundo, desde cedo quebrando recordes como os próximos fariam. Em relação as mídias, foi um estouro tamanha divulgação. Daniel Radcliffe, com as vestes de Harry Potter, chegou a ser capa da Revista Época que retratava o filme e o fenômeno de vendas da obra literária de J. K. Rowling.
Após o estrondo inicial dessa produção, com a evolução dos filmes, torne-se um pouco comum tecer comentários negativos quanto a concepção da produção feita pelo diretor Chris Columbus. Conhecido por dirigir comédias, algumas em nosso imaginário coletivo, como Esqueceram de Mim e Uma Babá Quase Perfeita, muitos duvidaram que o diretor fosse capaz de corresponder a um projeto tão audacioso.
Felizmente, a leveza do primeiro livro, uma introdução ao mundo mágico de Potter, dá liberdade suficiente para que Columbus produzisse um filme familiar, sem o peso que as produções seguintes teriam. Evidente que diversos bons momentos do livro foram omitidos, mas o essencial está presente.
Desprezar o diretor após a sucessão de filmes é esquecer que fora ele e sua produção que concebeu visualmente o mundo que conhecemos. Mundo com detalhes alterados nas próximas produções, de fato. Mas que ainda mantém muito do que foi sustentado nesse filme. Sua missão de apresentar a história do bruxo para um público novo, em uma nova mídia, tem seu mérito.
Também vítima de algumas críticas, acho a trilha de John Williams, composta para esse filme e ecoada em todos os outros, uma trilha que exala a mágica da produção e é deliciosa de se ouvir.
O elenco selecionado para o filme merece atenção especial. Atores excelentes para exercer o corpus de professores do colégio Hogwarts e bom atores mirins para os atores principais, que desempenham bem seu papel. O destaque vai para a Hermione Granger de Emma Watson, personificação da personagem do papel.
A nota em questão deveria ser um pouco menor, mas por ser a produção inicial e configurar, assim, todo o universo que conhecemos, merece receber esses pontos.





Harry Potter e a Câmara Secreta (Harry Potter and the Chamber of Secrets)

Dir. Chris Columbus


Segunda produção a ter Columbus na direção. Não possui evolução em relação ao filme anterior e, por ser a trama mais fraca dos sete livros, o resultado não é dos melhores.
A introdução de novos elementos deixados de fora da primeira história é um dos fatores positivos da produção. Infelizmente, o grande elenco de apoio da trama aparece muito pouco pelo pequeno espaço de desenvolvimento da série, algo que aconteceria em todas as produções.
Dois elementos dissonantes em relação aos atores surgem nesse filme: a presença de Kenneth Branagh, excelente ator no papel do professor de defesa contra a arte da trevas – e picareta de primeira – Gilderoy Lockhart, que com grande estilo mantém a trama na comédia familiar e dá um toque a mais por sua atuação incrível. E a perda de Richard Harris como Alvo Dumbledore, ator que viria a falecer antes da estréia dessa produção, sendo este seu último filme. A concepção da personagem por Harris seria bem diferente daquela feita por seu sucessor. Aqui o diretor da escola, e um dos maiores bruxos vivos, é um homem mais sereno, com voz densa e calma, expressando a imponente figura ao mesmo tempo em que demonstra sua simplicidade.
Além da trama inferior da produção, impossível não definir o elfo Dobby e Murta Que Geme como duas personagens pentelhos da produção. Dobby que mais atrapalha que ajuda e Murta, como diz o nome, do pouco que aparece, fica entre as falas soluçando e gemendo irritantemente.
Porém, o filme não deve ser desconsiderado, tem um elo sensível com a história apresentada em Harry Potter e o Enigma do Príncipe.




Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban (Harry Potter and the prisoner of Azkaban)

Dir. Alfoson Cuarón



Primeiro livro da série em que os elementos narrativos são criados de maneira diferente da habitual com o surgimento da trama do bandido Sirius Black. Na produção cinematográfica quem fica na cadeira da direção é o competente Alfonso Cuarón, mexicano que sempre imprime seu estilo naquilo que faz.
Trouxe a produção o ar sombrio que a trama necessitada, com uma fotografia escura e acinzentada. Além de modificar alguns elementos do castelo de Hogwarts, como a introdução de um gigantesco relógio no meio do pátio. Relógio que participa de uma interessante cena onde a câmera passeia pelo castelo acompanhando Harry Potter e Hermione Granger.
Como seria padrão na série Potter, a presença de novas personagens sempre são marcantes. Além de Sirius Black, papel defendido pelo quase onipresente Gary Oldman, o ator David Thewlis é o mais novo professor de defesa contra a arte das trevas, o Prof. Remo Lupin, que ajuda na evolução mágica de Harry Potter e também Emma Tompson, em um pequeno papel como a professora de adivinhação Sibila Trelawney, que aceitou o papel a pedido de sua filha de quatro anos. Todos bem caracterizados e bem defendidos.
A escolha para o novo Alvo Dumbledore, com Michael Gambon, não poderia ser mais acertada. Diferentemente daquele criado por Richard Harris, a personagem de Gambon é mais apática. Ainda mantém seu lado fraternal, porém é mais incisivo. Sem contar que seus trajes transformaram-se das vestes clássicas para um estilo mais hippie, com a barba amarrada com pequenos barbantes e adereços afins.
O trio principal também encontra nessa produção maior equilibrio, não só Emma Watson, como Rupert Grint e Daniel Radcliffe demonstram ter conhecimento profundo por sua personagem e assim aplicam boas nuances em cena.
A sobriedade da trama deu mais densidade a história que conforme avança se torna cada vez mais adulta. Encontra nessa produção este inicio marcante.





Harry Potter e o Cálice de Fogo (Harry Potter and the Goblet of Fire)

Dir. Mike Newell


A partir do terceiro livro da série, J.K. Rowling não se prendeu mais no esquema narrativo composto para os dois primeiros, abrindo espaço para novos elementos. Se o terceiro filme e livro abriam espaço para o prisioneiro Sirius Black, nesse quarto filme a atenção principal é o Torneio Tribuxo que será realizado na escola Hogwarts.
A direção de Mike Newell é competente, embora sua carreira seja um tanto quanto oscilante. Foi capaz de introduzir precisas cenas de humor em uma trama mais densa, dando o toque certo para a produção. Até mesmo Severo Snape está em uma dessa cenas engraçadas. O diretor foi a favor de dividir a produção em duas, devido ao tamanho da obra original e das sub-tramas, mas não recebeu aval da produtora e teve que dar um jeito de encaixar tudo em um filme só.
O pecado na produção fica em conta de uma leve lembrança em relação ao filme anterior. Muitas cenas parecem imitar sua fotografia mas não passam a mesma sensação. Em resumo, parecem apenas cenas escuras e difíceis de se ver, perdendo um apuro técnico.
Como sempre em destaque, o novo personagem, professor de defesa contra a arte das trevas, Olho Tonto Moody, é um excelente personagem, bruto e amigável ao mesmo tempo. Se alguns autores não dão atenção para personagens passageiras, J. K. Rowling pensa até nos mínimos detalhes e a seleção de atores para interpreta-los sempre é excelente.
Em meio a tensão pré-definida na história, se destaca o baile de inverno como um dos momentos que a quebra e introduz leveza a trama. Revelando também um lado tímido de Rony e Harry e, como imaginávamos, um tensão amorosa entre Hermione e Rony, em uma das cenas mais belas da produção, onde Hermione acusa Rony por estragar o baile e, retirando as sandálias, senta na escadaria para chorar.
Nenhuma alteração nos cenários é perceptível, finalmente se condensa o castelo Hogwarts concebido por Columbus e alterado por Cuáron, sem sofrer oscilações, algo bem positivo.
É também nessa produção que Aquele Que Não Deve Ser Nomeado, o algoz de Harry Potter, Lord Voldermort aparece personificado. Embora até mesmo John Malkovich e Rowan Atkinson tenham sido cogitados para o papel, a personagem está representada com perfeição pelo excelente Ralph Fiennes.
Aqui registra-se também a primeira morte da série, que marca ainda mais o bruxo. Em destaque fica que o ator que interpreta a personagem Cedrico Digory é Robert Pattinson, ator principal daquela série duvidosa cujo filme inicial chama-se Crepúsculo.




Harry Potter e a Ordem da Fênix (Harry Potter and the Order of the Phoenix)

Dir. David Yates


Quinta história, novo diretor. Ainda não era sabido que David Yates seria o único diretor da série até o final da saga.
O clima da narrativa é o mais hostil até então. A volta de Voldermort na história anterior divide a população de bruxos e impõe em Hogwarts opiniões diversas. Embora o livro apresente maiores aspectos relacionados aos estudos das personagens, o filme foca-se mais no drama da volta do bruxo das trevas e em aprofundar os laços de Harry Potter.
Devido aos acontecimentos dos filmes anteriores, Potter está mais introspectivo, mas encontra carinho em seu padrinho Sirius Black, bem como conhece aqueles que estão lutando ao seu favor. Mesmo em tempos difíceis, tem alguns bons momentos com seus amigos, uma boa cena da produção, quando Hermione diz que Rony tem a sensibilidade de uma colherinha.
Em Hogwarts, Harry cria uma armada para ensinar defesa contra a arte das trevas. Já que a nova professora, Dolores Umbridge, oriunda do Ministério da Magia, acredita que não se deva ensinar feitiços de defesa para alunos. Em Dolores, Rowling novamente acerta em uma personagem do ano que é extremamente marcante. A atriz Imelda Stauton, como é constante na série, personifica com excelência a personagem que impõe na escola decretos e tenta derrubar o incrível Alvo Dumbledore.
Presente também novos rostos no lado malvado da série, com Helena Bohan Carter fazendo Belatriz Lestrange, uma comensal da morte ensandecida que chega a assustar.
Como estamos cada vez mais próximos do fim, a trama se fecha com uma batalha contra os comensais da morte e Alvo Dumbledore contra Voldermort.





Harry Potter e o Enigma do Príncipe (Harry Potter and the Half-Blood Prince)

Dir. David Yates


No lançamento dessa produção, a informação de que David Yates dirige até o final a produção é informação consolidada há tempos e, de acordo com entrevista com os atores, a primeira parte do último livro já foi filmada, restando apenas metade do último filme.
A química evidente dos atores, produtores e diretor é sentida nesse filme, de narrativa mais lenta em fluência com o livro, onde a ação se concentra apenas em seu final.
Por conta disso, foi possível desenvolver a trama com detalhes, sem picotes ou edições. A sensação de assistirmos pela primeira vez uma trama genuína de Harry Potter, com as nuances que J. K. Rowling produz no livro é agora visível.
Pelos tempos sombrios que a trama se passa, a fotografia não poderia ser mais desbotada. Há muito pouco espaço para diversão mas, ainda assim, bons momentos são dados para Rupert Grint que tem em Rony seu momento de glória no Quadribol e mantém os momentos de riso da trama com seu jeito desajeitado e com humor.
Importante ressaltar que não há vergonha nenhuma com o crescimento dos atores e das personagens. É nítido perceber que muitos na escola estão ligados de alguma maneira amorosa e assim será como nosso trio principal. Harry apaixonado pela caçula Wesley e a tensão amorosa de Rony e Hermione aumentando ainda mais.
A construção da trama de Harry Potter e o Enigma do Príncipe serve como explicação para a narrativa mais aventuresca e acelerada do último livro. Portanto muito é esclarecido nessa história, chegando ao seu ápice com uma das cenas mais importantes do livro e da história como um todo.
Como costume, o destaque fica em conta da personagem nova da trama, que Harry e Dumbledore buscam pessoalmente. Jim Broadbent, outro ator também excelente, está ótimo como um Horário Slughorn antigo professor da casa e amigo íntimo do velho bruxo. Sobre ele, Dumbledore, Gambom faz seu papel com maturidade nesta trama, vista as conseqüências do enredo.
A trama se encerra repleta de dubiedade, com a sensação de que, finalmente, vimos uma excelente produção e ansioso para a continuação. Se Yates trabalhar ainda melhor nos dois filmes finais, o encerramento da história do Bruxo será excepcional.


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Ainda sobre a saga Harry Potter, devido ao lançamento do último filme, todos os dvds foram relançados com uma capa nova, estranha e feia do que as originais que ilustram esse texto. Também disponível um box com seis discos, contendo os cinco primeiros filmes e um de extras do último filme lançado em dvd. O problema é que tudo foi socado com cuidado em duas caixinhas. Uma delas com quatro discos outra com o restante. Porque respeito com o consumidor está longe de existir entre as distribuidoras de dvd.








Demolidor - Versão do Diretor (Daredevil)

Dir. Mark Steve Johnson


Logo nos primeiros minutos de um documentário que vem no primeiro disco desta versão de diretor, um dos editores do longa tece comentários ao seu respeito. Em sua opinião, para o lançamento do filme, a opção foi produzir um longa menor, mais ágil, com mais cenas de ação, sem a idéia inicial do diretor Mark Steve Johnson que procurava algo mais denso e fluído, com mais explicação e menos ação.
Esse trecho simboliza bem a diferença de um editor pago exatamente para produzir um filme blockbuster, sem se importar com sua qualidade, de outros que trabalham para melhorar narrativas.
Demolidor foi o primeiro longa vindo de quadrinhos a ser considerado um sub-produto de sucesso. Pouco dinheiro foi investido no projeto, para que se produzisse um longa que arrecadasse boa bilheteria, e só. Assim, fica evidente que o resultado não seria promissor. É tão claro essa questão que o fraco diretor lançou sua própria edição do filme, com minutos a mais com o intuito de melhorar uma história fraca e tentar recuperar um pouco sua imagem.
Seu trabalho consegue um ganho positivo em relação ao filme original, mas nada excepcional. Os erros que a trama possui são estruturais. Nenhuma edição do mundo pode salva-la.
A começar pela escolha obtusa do elenco. Como colocar o gordinho Bem Aflleck para fazer o ruivo / loiro e ágil Demolidor quando, por uma dedução lógica, seu amigo e parceiro Matt Damon era muito mais indicado para o papel? Sem contar as liberdades poéticas em transformar o Rei do Crime em negro e o patético mercenário de Collin Farrell, aquele ator que despontou em um filme de Joel Schumacher e entregou duas atuações boas e vem desapontando desde então.
Com um pouco mais de duas horas de duração, a trama fica mais explicada, o drama de Matt Murdock tenta ser mais profundo. Mas é difícil acreditar que aquele cego canastrão interpretado por Bem Afleck seja realmente um bom herói.
É lamentável que Demolidor tenha sido o primeiro filme a ser lançado com pouca verba, como aconteceria depois com Quarteto Fantástico. Matt Murdock é o herói que possui nos quadrinhos a carreira mais estável, com sagas memorais e que nas telas virou uma mistura insossa de senso comum.





Street Fighter: A Lenda de Chun-Li (Street Fighter: The Legend of Chun-Li)

Dir. Andrzej Bartkowiak


Eu tinha nove anos de idade quando um dos primeiros filmes de vídeo game, Street Fighter, chegava nas telas, no auge do jogo. Não tinha conhecimento nenhum sobre a sétima arte, muito menos gostava do brega que é bacana Jean-Claude Van Damme.
Não me recordo se cheguei a ir na estréia da produção, mas a sessão estava tão lotada que fiquei em um dos lugares de canto, feliz mas desconfortável pela tela levemente torta. Lembro-me que no primeiro golpe de Chun-Li na tela, similar ao seu no jogo, minha vibração foi tanta que soltei um grito alto suficiente para todo o cinema ouvir. Hoje, tenho consciência que Street Fighter é uma porcaria completa. Um lixo tão mal produzido que chega a ser Kitsch.
Mas alguns produtores de cinema – sempre eles e suas cabeças maravilhosamente pensantes e seus bolsos cheios de dinheiro – acharam que seria interessante reviver em filmes individuais a história dos lutadores de rua. Chegamos aonde começa a história de A Lenda de Chun-Li.
Narrando os acontecimentos anteriores do primeiro filme, conhecemos a origem de Chun-Li. Uma pequena garotinha que tem o pai seqüestrado por Mr. Bison e que jura um dia se vingar. Com essa história incrível e altamente original centra-se a trama do filme.
A Chun-Li do titulo é vivida pela atriz Kristin Kreuk, a Lana Lang de Smallville que surpreendentemente consegue fazer algo diferente, em vez de manter a voz doce e sussurada como fez durante todo seu tempo em Smallville. Aqui ela aprende os ensinamentos de luta com um mestre para tentar derrotar Bison e outros personagens do jogo que estão inseridos no contexto para vender mais bonecos depois.
Previsível e com lutas sem graça, a produção não decolou. Tanto que provavelmente não estréia nos cinemas e chega só em vídeo. Fica a lição para os produtores realizarem algo descente da próxima vez, se houver uma.
Aos curiosos, o filme não consegue ser pior que Dragonball Evolution, mas quase chega lá.