Dizem que dois é melhor do que apenas um humano solitário. Mas se três já é demais, quatro talvez extrapole os números cabalísticos, ou seja uma boa unidade. Se antes eu já me aventurei em blog coletivo formado por duas contrapartes, dessa vez adicionei mais um elemento nesse caldo único de disparidades, diferenças e estilos alternados. Foi assim que nasceu o blog coletivo Quatro Patacas.
Inserido em um conceito próprio de uma grandiosa ironia, onde tudo não confirma se é real ou simulado, nossa intenção é produzir semanalmente textos inéditos, a procura de leitores que percam seu precioso tempo colhendo nossas linhas.
A cada dois dias um dos escritores apresenta um texto novo. Assim cada pataca tem como "prazo" sete dias para compor sua ficção, ensaio, panfletagem ou receita de bolo. Todos textos inéditos, criados exclusivamente para o projeto.
Nessa idéia temos a razão do exercício, colocar em prática argumentos, fragmentos de histórias, a procura de um novo texto. E quando isso falha, ou ainda quando a vida causa pane geral na composição, pedimos uma apelação ao juiz e usamos um texto antigo, ou ainda uma necessária pausa.
Todos os autores trabalham com várias idéias, possíveis histórias a serem contadas. Porém muitas vezes chega o dia de lançar um novo texto sem nenhuma idéia germinada. O que lembra Calvino, que disse que não há literatura sem a pressão dos prazos.
Não que possa duvidar do grande Calvino, mas sou um autor que trabalha lentamente. Há um poema de Drummond, que minha memória não se recorda, cujos versos dizem que o poeta precisa conviver com seus poemas antes de fazê-los. Essa idéia casa-se com a minha, já que guardo ansioso o crescimento de certas histórias. Aguardando que elas saiam de seu risco inicial, para desenvolverem meio e fim. Serem plausíveis de narração e possíveis para minha pequena aptidão em escrever. Sob pressão, ainda tenho dificuldades.
Sempre fui mais poeta inspiração do que artesão. Rabisco contos e não os finalizo pela preguiça de sentar em frente ao desafio e enfrentá-lo. Há certos contos que precisam de confronto com seu autor, e ele só consegue a vitória quando, ao menos, não está descontente com o produto final.
Meu lado artesão é preguiçoso, talhou muito pouco nesse anos. Sempre conta uma história, as vezes sem se preocupar em fechar suas pontas, e corre de novo para a rede para outra soneca.
Estou no aprendizado de conviver com os textos ainda não feitos, evitando a preguiça para talha-los quando necessário (e sempre é necessário) e também evitando atrasos, pois textos também quando muito maduros, passam do prazo de validade e vão se estragando, pouco a pouco, nas idéias do autor.
Daqui um ano posso prever que dentro do Quatro Patacas alguns textos terão o mesmo frescor de quando escritos, e outros parecerão mal formados, quasímodos, esperando um retoque ou o lixo. Mesmo que hoje nos dediquemos ao máximo para produzi-los, talhando-os, reescrevendo-os, brigando covardemente com a língua da poesia, na procura pelas melhores palavras.
Semanalmente fazemos um exercício de nossa arte, construíndo a base de nossa literatura. Ainda que alguns já possuam muitas ficções, ou poesias, ou ainda especificamente, uma série literária despretenciosamente engraçada sobre o elogío da picaretagem.
Escrever com a promessa de criar sempre um novo repertório não me faz voltar a velha forma (forma na qual não quero mais, aliás), mas sim adquirir uma nova maneira de composição. Ou, no termo metafórico mais simples possível, avançar um degrau na dificil compreensão de o que é fazer literatura, em um país onde não há letrados, onde "O Segredo" é o livro mais vendido, e procurar leitores em um mundo virtual é tão dificil (se não mais) quanto arranjar um bom emprego.
Inserido em um conceito próprio de uma grandiosa ironia, onde tudo não confirma se é real ou simulado, nossa intenção é produzir semanalmente textos inéditos, a procura de leitores que percam seu precioso tempo colhendo nossas linhas.
A cada dois dias um dos escritores apresenta um texto novo. Assim cada pataca tem como "prazo" sete dias para compor sua ficção, ensaio, panfletagem ou receita de bolo. Todos textos inéditos, criados exclusivamente para o projeto.
Nessa idéia temos a razão do exercício, colocar em prática argumentos, fragmentos de histórias, a procura de um novo texto. E quando isso falha, ou ainda quando a vida causa pane geral na composição, pedimos uma apelação ao juiz e usamos um texto antigo, ou ainda uma necessária pausa.
Todos os autores trabalham com várias idéias, possíveis histórias a serem contadas. Porém muitas vezes chega o dia de lançar um novo texto sem nenhuma idéia germinada. O que lembra Calvino, que disse que não há literatura sem a pressão dos prazos.
Não que possa duvidar do grande Calvino, mas sou um autor que trabalha lentamente. Há um poema de Drummond, que minha memória não se recorda, cujos versos dizem que o poeta precisa conviver com seus poemas antes de fazê-los. Essa idéia casa-se com a minha, já que guardo ansioso o crescimento de certas histórias. Aguardando que elas saiam de seu risco inicial, para desenvolverem meio e fim. Serem plausíveis de narração e possíveis para minha pequena aptidão em escrever. Sob pressão, ainda tenho dificuldades.
Sempre fui mais poeta inspiração do que artesão. Rabisco contos e não os finalizo pela preguiça de sentar em frente ao desafio e enfrentá-lo. Há certos contos que precisam de confronto com seu autor, e ele só consegue a vitória quando, ao menos, não está descontente com o produto final.
Meu lado artesão é preguiçoso, talhou muito pouco nesse anos. Sempre conta uma história, as vezes sem se preocupar em fechar suas pontas, e corre de novo para a rede para outra soneca.
Estou no aprendizado de conviver com os textos ainda não feitos, evitando a preguiça para talha-los quando necessário (e sempre é necessário) e também evitando atrasos, pois textos também quando muito maduros, passam do prazo de validade e vão se estragando, pouco a pouco, nas idéias do autor.
Daqui um ano posso prever que dentro do Quatro Patacas alguns textos terão o mesmo frescor de quando escritos, e outros parecerão mal formados, quasímodos, esperando um retoque ou o lixo. Mesmo que hoje nos dediquemos ao máximo para produzi-los, talhando-os, reescrevendo-os, brigando covardemente com a língua da poesia, na procura pelas melhores palavras.
Semanalmente fazemos um exercício de nossa arte, construíndo a base de nossa literatura. Ainda que alguns já possuam muitas ficções, ou poesias, ou ainda especificamente, uma série literária despretenciosamente engraçada sobre o elogío da picaretagem.
Escrever com a promessa de criar sempre um novo repertório não me faz voltar a velha forma (forma na qual não quero mais, aliás), mas sim adquirir uma nova maneira de composição. Ou, no termo metafórico mais simples possível, avançar um degrau na dificil compreensão de o que é fazer literatura, em um país onde não há letrados, onde "O Segredo" é o livro mais vendido, e procurar leitores em um mundo virtual é tão dificil (se não mais) quanto arranjar um bom emprego.
Araraquara, quarta-feira, 29 de Agosto de 2007.